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Isto É Peanurs

Make democracy great again

Num dia em que toda a gente parece ser extremamente entendida em política, quero assumir aqui (como já o fiz diversas vezes) que não faço parte desse grupo de experts. É um dos muitos assuntos dos quais sei pouco mais que nada. Aliás, parece-me sensato dizer que sei o mesmo de política que o Trump e é isso que me preocupa mas ao mesmo tempo me dá esperança de poder fazer o que quiser da vida sem ter qualquer tipo de experiência prévia. Quando soube da vitória republicana dei por mim a pensar no que seria uma pessoa que sabe tanto de política como a liderar os Estados Unidos da América. É assustador. Estamos em 1933 outra vez e ninguém nos avisou. 

 

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Digo frequentemente que as pessoas são estúpidas, só nunca achei que fossem tanto. Hoje parece que toda a gente concorda comigo nisto. Ainda ontem, em conversa com a Sara, ela dizia que estava preocupada com o facto de o Trump poder ser eleito presidente. Eu, na minha ignorância, disse-lhe que ninguém é assim tão burro ao ponto de votar num palhaço. Subestimei claramente os norte-americanos. Para pessoas que vivem num país tão avançado, têm um atraso bastante significativo.

 

Mas não me parece que a culpa seja maioritariamente das pessoas. Numa primeira análise devíamos culpar os gregos que inventaram a democracia. Um sistema político com "demo" (isto esquecendo que δήμο na verdade significa algo como "povo" e não é uma referência ao diabo) no nome tinha de dar asneira. Mas a culpa não é dos gregos. Do que me lembro da antiguidade clássica, os gregos desenvolveram um modelo de democracia bastante credível já que apenas as elites votavam. Claro que na altura eram excluídos estrangeiros,  mulheres e homens que não fossem filhos de mãe e pai gregos, mas estamos a falar de uma época em que Cristo ainda nem nos tinha salvo dos nossos pecados. Era de acreditar que esse sistema tivesse evoluído até aos nossos dias. Evoluiu mal. A culpa do que aconteceu nos EUA é daqueles que, séculos mais tarde, acharam que toda a gente merecia ter direito ao voto. Está provado que nem toda a gente merece. O que eu proponho é que voltemos à democracia como era feita na Grécia Antiga em que apenas algumas pessoas tinham direito ao voto. Como é que definimos as elites? Fácil: só votam as pessoas que não forem estúpidas. You're welcome America! 

Não percebo nada de política…

… e ao que parece faço parte de uns meros 10% da população que não tem qualquer tipo de problemas em admitir tal facto. Mal distingo esquerda de direita ou republicanos de democratas. Não vi o debate de ontem, nem fiz qualquer tipo de comentário sobre o mesmo em qualquer rede social. Incrível, eu sei. Logicamente, como qualquer pessoa com um QI superior a zero, acho que os americanos têm de ser muito estúpidos para eleger o Trump, mas para ser honesta, nem sequer sei se a Hillary Cliton é uma boa candidata. Só sei que é a única opção viável. Felizmente, parece que os portugueses abraçaram de tal forma a política internacional que conseguem explicar-me tudo o que se passa nas eleições americanas ao pormenor.

A opinião sobre a opinião política dos portugueses

Já venho um pouco tarde para falar sobre a queda do governo, não venho? As opiniões multiplicam-se pela internet e pelos cafés e é precisamente por isso que eu não venho dar a minha opinião sobre a queda do governo. Sobre isso já todos falaram e dificilmente eu iria conseguir acrescentar algo relevante a essa discussão (até porque grande parte daquilo que eu digo é completamente irrelevante). Assim sendo, venho dar a minha opinião sobre a opinião dos portugueses.

É difícil agradar ao povo português. Tão depressa chamam gatuno ao Passos Coelho, como uns dias depois lhe erguem um altar. Até ao dia em que o Presidente da República indigitou o governo, queriam todos untar o Primeiro Ministro e o Vice com cola super três, fazê-los rebolar em alcatrão acabadinho de fazer, mandar-lhes uns litros de gasolina para cima e acender um fósforo nas suas cabeças (que ficavam sem alcatrão para se poderem ouvir melhor os gritos de dor). Assim que se começou a falar em acordo à esquerda, já queriam todos erguer um novo santuário em Fátima às mesmas pessoas a quem desejavam uma morte dolorosa.

Entre o momento em que se insultavam com palavras menos bonitas os líderes do governo português e aquele em que estes são considerados os melhores governadores de sempre, passaram 11 dias. Paulo Portas demitiu-se "irrevogavelmente" a 2 de julho e foi nomeado vice a 24 de julho. Os portugueses fartaram-se de criticar mas Paulo Portas demorou o dobro do tempo destes a pensar se devia ou não voltar atrás com a sua palavra.

Se António Costa for indigitado Primeiro Ministro acredito que passados cinco dias e meio (para termos uma estatística por onde nos guiarmos para eventos futuros) os portugueses vão estender passadeiras vermelhas por todos os lugares onde o líder do PS passar. O povo português é mais difícil de satisfazer que uma criança bipolar. 

Sobre as eleições #2

Não, não sou expert em política apesar de poder dar essa ideia já que ontem já mandei uns bitaites antes das eleições. Acontece que, mesmo não tendo muito para dizer, apetece-me tecer alguns comentários sobre o acto eleitoral.

Os portugueses estão satisfeitos. Eu tinha a impressão que não, mas parece que era mesmo só eu e mais meia dúzia de pessoas. Curiosamente não há comentários de apoio ao governo nas redes sociais, o que me leva a concluir uma de duas coisas:

  • Ou as pessoas que votaram na coligação têm vergonha na cara e não o andam a gritar aos sete ventos (ao menos isso);
  • Ou, de facto, ninguém votou na coligação e voltámos àqueles tempos em que os mortos também tinham direito de voto. Nada contra, mas é capaz de ser irrelevante para os mortos quem é que governa o país.
Ao longo destes últimos quatro anos vi as pessoas queixarem-se tanto ou mais do que na altura em que o Sócrates era PM. Não há emprego (e não me venham com a lenga-lenga dos 11.9% de desempregados porque toda a gente sabe que é mentira), o ordenado mínimo não dá para viver (sim, a pagar renda de casa e contas sobra muito para comer), os jovens ou emigram ou fazem estágios do IEFP, há milhares de professores desempregados para dar lugar a uns que nem 1+1 sabem somar, o serviço nacional de saúde é uma miséria, e estava nisto o dia todo. Mas estamos muito bem. Viva a austeridade. Viva o governo da Merkel. Viva os submarinos que o senhor "demito-me irrevogavelmente" achou serem estritamente necessários ao país (não fosse um cardume de sardinhas atacar). Viva Portugal e viva os portugueses. Se os portugueses estão satisfeitos, quem sou eu para criticar.

Lembram-se de a generalidade dos portugueses criticarem os gregos quando estes voltaram a eleger o Syriza? Pois. Sabem qual é a diferença entre nós e os gregos? É que eles renegociaram ao máximo o plano de austeridade. Eles tiveram direito a dar a sua opinião via referendo. Nós tivemos mais austeridade do que a troika exigia. Isto e o facto de eles terem sido campeões da Europa em 2004 e nós continuarmos com a eterna promessa de vencer qualquer coisa. Mas, mais uma vez, se os portugueses estão felizes, quem sou eu para criticar? 

P.S. É importante referir que não percebo nada de política.

Sobre as eleições

Quando cheguei a casa depois de ir votar a minha mãe, que faz parte daquele grupo desprezível de pessoas que não vota, tinha a televisão ligada na TVI. Não é costume. Confesso que tenho por hábito ver as notícias na RTP, mas os meus pais gostam de notícias de mortos e afins.

Assim sendo acompanhei com muito agrado o momento em que José Sócrates votou. Mas acompanhei ainda com mais agrado o seu regresso a casa. Para os que estavam a ver notícias na SIC ou na RTP, perderam um grande momento de televisão.

Um câmara da TVI seguiu o carro onde ia José Sócrates desde o Marquês, onde o ex-primeiro ministro votou, até ao até à residência da ex-mulher. Foi fantástico. Não me parece sequer que mais algum canal pudesse cobrir tão bem este caminho. Isto é que é informação de qualidade. O que me interessa verdadeiramente hoje é saber que José Sócrates passa pela Avenida da República para chegar a casa. Também gostava de saber o que é que ele almoçou, mas não se pode ter tudo.

Noutros assuntos, temo que o meu voto não conte por não ter tirado nenhuma foto ao boletim de voto. E não tirei por dois motivos bastante simples:

  • Os boletins são TODOS iguais (à excepção daquele que circula por aí com o suposto voto no Bruno de Carvalho) e portanto é inútil eu colocar um foto no instagram com uma coisa que já todos vimos. A menos que eu votasse no partido do Marinho Pinto. Mas nem sei qual é.
  • Eu desisti de ver quem eram os partidos a concorrer assim que encontrei aquele em que votei. Por acaso não havia fila onde eu votei, mas deve ser complicado haver filas e o pessoal ter de ler o nome dos partidos todos. As eleições tinham de durar um mês.
Entretanto apraz-me ainda dizer que sou a favor de uma multa para todos aqueles que não vão votar. Se não gostam de ninguém, votem em branco. De certeza que hoje há maioria absoluta de abstenção. Se essa gente votasse toda em branco, a participação era relevante, assim não. Já para não falar da rapidez que é votar em branco. É chegar e dobrar o papel. Não custa nada.

Entretanto, levantei-me antes das 13h para ir votar porque às 13h30 jogava o Liverpool e às 16h o Benfica. São 16h40 e o Benfica ainda não começou e provavelmente só começa daqui a umas semanas. Se calhar alguém começava a pensar nisto, não?

Um mais um ainda serão dois?

O governo parece um miúdo que acabou de receber um brinquedo novo. A pouco tempo das eleições há números recorde no desemprego. Viva Portugal! Agora que todos estamos empregados, vamos tirar uns minutos para reflectir sobre a matemática aplicada pelo INE para chegar aos 11,9% de desempregados. 

Em abril, maio e junho não houve taxas de desemprego inferiores a 12%. Em abril havia 13%, em maio 12,4% e em junho 12,4% de desempregados. Assim sendo, a taxa de desemprego deste trimestre só podia ter um valor inferior a 12%, certo?

Estou a perguntar porque já não tenho matemática há bastante tempo. E todos nós sabemos que para calcular a média do que quer que seja é preciso ter matemática A. Eu tive MACS. Claro que em MACS não aprendemos a calcular a média. Aprendemos 1+1=2 e foi com estas aprendizagens que consegui os meus únicos 20's do secundário. 

Sendo:

x - percentagem de desempregados em cada um dos meses 
y - o número de meses em questão (três)

temos que:

(x+x+x):y=média de desempregados

Mas então vamos substituir as letras por números:

(13+12,4+12,4):3=12,6

Mais, a quantidade de pessoas desempregadas juntamente com aquelas que têm um emprego prefazem mais ou menos 5 milhões. Podemos então concluir que metade da população portuguesa é constituída por idosos ou crianças. Contam também  como empregados as pessoas a recibos verdes, estágios profissionais ou em cursos do IEFP. Então se eu tiver uma empresa, despedir uma pessoa e colocar duas a estágio profissional para fazer exactamente o que a outra fazia, sou um génio dos recursos humanos, certo?

A minha proposta (e volto a salientar que tive MACS) é que façamos uma vaquinha para comprar uma calculadora aos senhores do INE. Até posso emprestar a minha. Está é sem pilhas desde o final do exame de MACS. Felizmente aguentou até lá, senão como é que eu ia calcular médias, medianas e modas?

José Sócrates, quer ser meu amigo?

Acredito que, neste momento doloroso, José Sócrates tenha poucos amigos, tirando o pessoal do PS que o vai visitar por obrigação. Eu, que nunca estive na prisão, também não tenho lá muitos amigos, ou pelo menos não tenho amigos que partilhem comigo tantos interesses como José Sócrates. 

Primeiro que tudo Sócrates é uma pessoa muito querida. Eu fiz 18 anos em janeiro e em abril/maio fui votar pela primeira vez depois de ele se demitir, mas só tinha recebido a carta com o cartão (papel) de eleitor um mês antes - porque Portugal é eficiente e rápido até nestes assuntos. Se o meu futuro amigo se tivesse demitido antes, eu teria de esperar ainda mais tempo para exercer o meu direito de voto. 

Há três características fundamentais que aprecio numa pessoa: ser do Benfica, inteligência e a capacidade de rir e fazer rir. Nenhum dos meus amigos possui estas três característas - muitos deles não possuem nenhuma. José Sócrates possui estas três características e ainda é um mestre do ilusionismo - e eu adoro ilusionismo - que deixa o Luís de Matos a chorar a um canto. 

O ex-primeiro-ministro conseguiu iludir todo o Portugal a votar nele, a deixá-lo roubar e vão ver que vai iludir os juízes e não tarda nada sai em liberdade. Para isto é preciso uma inteligência acima do normal. José Sócrates não acabou o curso de engenheiro porque já estava a congeminar todos os planos do mal para quando estivesse no poder - isso e porque não precisava do inglês para nada porque também já devia ter planeado gastar 25 milhões de euros a tirar um curso de filosofia em França.

Depois há o sentido de humor. Não só o preso número 44 sabe rir-se de si próprio - e inclusive enquanto fala está constantemente com um sorriso irritante  na cara - como tem a capacidade de fazer rir um país inteiro. É o segundo melhor humorista do nosso país, logo a seguir ao Jorge Jesus. 

Há uns tempos vi na capa de uma dessas revistas cor-de-rosa que o sujeito em questão não se importava que lhe levassem a casa, o carro, as jóias e tudo o que ele tem desde que lhe deixassem as acções no Benfica. No fundo, José Sócrates nada mais é que uma versão melhorada da Ágata, até porque, se tirarem o filho ao político, algo me diz que não lhe iria causar tanta tristeza como a perda de acções do Benfica. Se virmos bem as coisas, o homem sabe estabelecer prioridades e nunca me iria marcar um jantar de amigos para um dia em que desse a bola - que é uma coisa que os meus amigos fazemconstantemente.

Dito isto, caro José Sócrates, se tiver acesso à internet a partir do estabelecimento prisional de Évora, contacte-me e talvez me possa dar umas dicas de "como iludir pessoas de que sou extremamente competente de modo a conseguir um emprego em que me paguem bem".